domingo, 29 de janeiro de 2012

Relacionamentos quebrados no Éden


Gênesis 2.23, 3.7
Quando o pecado entra no mundo, imediatamente, acontece quebra de relacionamentos. Até então, Adão e Eva estavam nu e não se envergonhavam um do outro, nem mesmo de se apresentar diante de Deus. Ao comer do fruto do qual Deus disse para não comerem, eles passam a ter vergonha de estar um diante do outro, e também diante de Deus.

Estabelece-se um ciclo de relacionamentos quebrados: quebra de relacionamento com Deus, quebra de relacionamento no casamento, quebra de relacionamento entre os seres humanos.

Mas, quais foram os passos que antecederam a queda? Como esses relacionamentos foram quebrados?
Deus criou Eva para ser companheira e auxiliadora de Adão. Fico me perguntando, qual o princípio que esse casal não compreendeu. Algumas observações precisam ser feitas:
·         Onde estava Adão, enquanto Eva conversava com a serpente?
·         Por que Eva estava conversando com a serpente ao invés de ajudar Adão?
·         Como Adão não percebeu a amizade entre Eva e uma serpente?
Essas são questões que a Bíblia não nos responde, mas refletem características essenciais do homem e da mulher.

Eva estava tão ávida de comunicação, que nem passou pela sua mente não ser normal uma serpente falante.
·         Adão, como um chefe de família, talvez estivesse tão ocupado com seu trabalho, que nem percebeu quem havia se tornado amiga e companheira de sua esposa Eva.
Relacionamentos estão chegando ao fim por essas duas razões:

Mulheres ansiosas por comunicação, acabam sendo levadas pela conversa da serpente. E onde estão seus maridos, enquanto isso? Eles simplesmente, têm muito trabalho a fazer, têm que trazer pão para dentro de casa. Quando chegam em casa, ao fim do dia, estão exaustos, estressados, e não podem ouvir o choro de uma criança, e nem mesmo têm disposição para conversar com a esposa e saber como foi o dia dela. Também não são capazes de comunicar com suas esposas em intimidade, expressando seus sentimentos de frustração, seus fracassos, medos e anseios, ou não colocam em palavras e ações o amor que têm por sua esposa, considerando que, assim, estarão em suas mãos e se tornarão vulneráveis.
Por outro lado, há mulheres que não se colocam ao lado de seus maridos, ajudando-os com as responsabilidades que têm, como uma fiel adjuntora. Mulheres incompreensivas, gastadeiras, exigem do marido que supram a casa financeiramente. Com isso, ficam carentes de outros suprimentos que devem vir do marido: suprimento emocional, comunicação, espiritual.

Quando Eva toma a decisão de seguir o conselho da serpente é porque a serpente já havia tomado conta do coração dela. A serpente já havia conquistado a confiança e amizade de Eva. Não sabemos quantas conversas houve entre a serpente e Eva, mas o fato é que, nem Adão e nem Eva estavam cumprindo o propósito que Deus havia estabelecido para eles. De alguma forma, Eva que deveria estar ao lado de seu marido, não estava. Por alguma outra razão, Adão que deveria se comunicar com Eva, expressando sua necessidade de tê-la ao seu lado, não o fez.
Porque nenhum dos dois estavam onde deveriam e com quem deveriam estar, o relacionamento entre homem e mulher, e entre Deus foi quebrado. Como resultado, eles passam a se envergonhar de si mesmos, sentem a necessidade de esconder quem realmente são.
Intimidade com Deus e entre homem e mulher era o plano original de Deus, é o que Deus estabeleceu para o casamento. Mas, o pecado destruiu isso. Pense se a vergonha de demonstrar quem você realmente é, o medo de não ser aceito com seus defeitos, não esta prejudicando relacionamento com Deus e com as pessoas que você ama.

As coisas não acontecem da noite para o dia em um relacionamento. Quando vai se deitar pra dormir está tudo bem, estão completamente apaixonados, e, na manhã seguinte, o amor simplesmente desapareceu. Então, alguém decide que não quer mais estar casado. Ou então, decide cometer um ato de adultério. Quando chega a esse ponto é porque muita coisa aconteceu no casamento, mas estavam tão ocupados consigo mesmos, suas exigências, expectativas e, não se deram conta de que estavam se perdendo, e “a serpente” começou a ter mais lugar entre os dois.
A única coisa a fazer é vencer o medo de se expor, ser transparente com o conjuge, mostrar quem você realmente é, o que tem feito. Quando vencer as barreiras que o pecado colocou dentro de si mesma, estarão caminhando em intimidade, cumprindo o propósito de Deus. Você vencerá seus medos e descobrirá que não há pessoas perfeitas e, assim, poderá se aceitar como realmente é, será capaz de aceitar os outros e reestabelecer sua comunhão com o Criador.

Mulher, não faça amizade com “a serpente”, procure se aproximar do homem que Deus colocou ao seu lado, seja sua fiel ajudadora. Você verá como pode fazer seu casamento melhorar.

Homem, não deixe sua esposa só, compartilhe com ela seus momentos, converse com ela, ouça e também fale do que vai em seu coração. Esteja sempre por perto, seja seu melhor amigo. Isso os levará a caminhar em intimidade e fortalecerá o amor e o relacionamento entre vocês. Dispense atenção que ela precisa, antes que “a serpente” se comunique com ela como você não está fazendo, e mais um relacionamento se quebre por descuido.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Desprezadas na terra, aceitas e amadas por Deus

A Bíblia relata a história de duas mulheres que faziam parte de um casamento bígamo e não eram amadas por seus maridos. É comum falar sobre elas como as vilãs da história, mas vamos conhecer um pouco mais sobre elas e o mundo em que viviam. Elas são Lia e Penina. Hoje, vamos nos focalizar mais na história de Lia.

O que Lia e Penina tinham em comum:
  • Eram a “OUTRA” num casamento bígamo,
  • Eram “as não amadas” por seus maridos (Gn. 29,30 – I Sm.1.5)
  • Não eram estéreis, geraram descendência para seus maridos;
  • Disputavam com a outra esposa (Raquel e Ana) pela atenção dos seus maridos.
A história de Lia

De acordo com tradição da época, a filha velha deveria ser a primeira a se casar. Enquanto ela não se casasse, suas irmãs mais novas não poderiam se casar.

Numa família com duas moças, a mais nova, Raquel, se destaca por sua beleza e, de imediato, encontra um pretendente apaixonado, Jacó, disposto a trabalhar pelo direito de se casar com ela, durante sete anos. Passam-se os anos, e Jacó mais apaixonado do que nunca, se prepara para o casamento.

Mas, Labão está num grande dilema. Sua filha mais velha, Lia, continua solteira e sem pretendente. Para solucionar um problema social, o pai das moças, troca as noivas na hora do casamento. As convenções sociais são colocadas por Labão acima de qualquer preocupação com os sentimentos e felicidade de suas filhas. (Gn. 29.26) Obedientes, as moças seguem o plano estipulado por Labão.
Imagine o sentimento de Lia, ao se casar no lugar de sua irmã.
  1. Ela sabia que não era amada por Jacó.
  2. Ela não se identificou como Lia até que o casamento se consumou e amanheceu. Em silêncio, ela passa a noite com Jacó, está com o coração cheio das mais belas esperanças de amor... “Eu consegui me casar, quem sabe ele ainda me amará! Não sou mais encalhada...”
E, na manhã seguinte, imagine como ela se sentiu desprezada ao ver estampado no rosto de Jacó o susto e a decepção, ao descobrir que aquela não era sua amada Raquel. Jacó acorda pela manhã: “Opa, tem alguma coisa errada aqui! Onde está Raquel, minha noiva, por quem trabalhei todos esses anos.” Como será que ela se sentiu ao ver Jacó tirando satisfações com Labão a respeito da bela e amada Raquel? O retrato de toda sua vida, passa por sua mente por um instante. Todas as suas fantasias românticas são desfeitas em questão de segundos. Ela se sentiu feia, inadequada, insuficiente, rejeitada, frustrada, impossível de ser amada...



Ao se olhar no espelho e ver que não era bela como sua irmã caçula e, que por um problema no olho (talvez fosse vesga) já tivesse até mesmo se conformado em ficar solteira, talvez o sonho de encontrar o princípe encantado já tivesse se desfeito. Mas, Labão tem a brilhante ideia de casá-la no lugar de Raquel, e isso faz reviver todos os sonhos adormecidos, para se transformarem numa decepção logo em seguida. Seus sonhos e esperanças duram apenas uma noite.

Logo, Jacó se casa com sua irmã caçula e se inicia uma vida de rivalidade e competição entre as duas irmãs. A família vai aumentando, os filhos vão nascendo. Apenas Lia é fértil, apenas ela dá filhos para Jacó, até o momento. Lia, uma mulher desesperada por amor, se ilude ao tentar conquistar o amor de Jacó com os filhos que gerava. Ela usa a estratégia errada para conquistar o amor de seu marido. Filhos são herança, presente do Senhor, mas não são de forma alguma, um meio para manter um casamento conturbado, ou “segurar marido”.

Deus estava abençoando Lia, mas ela está tão desesperada por amor, por conquistar atenção de seu marido, que não compreendeu o cuidado de Deus em sua vida. O ponto chave na vida de Lia é:
  • Deus viu que ela era desprezada (Gn. 29.31)
  • Deus não a deixou sem amor. Ele lhe deu filhos para amar e por eles ser amada.
    O seu marido não a amava, mas Deus não se esqueceu dela. Deus a viu, contemplou o seu desespero, a sua dor e se importou com ela. Jacó, mesmo não a amando, é obrigado a reconhecer que Deus a fez frutificar. Quando pressionado por Raquel, que é esteril e deseja ter filhos, Jacó lhe responde: “Acaso estou eu em lugar de Deus...?” Esse é um claro reconhecimento de que a maternidade era um presente de Deus e que Lia foi agraciada por Deus. (Gn. 30.1,8)
  • Deus escolheu dentre os filhos de Lia -Judá- para ser a tribo por meio de quem seu Filho Jesus viria ao mundo.
Enquanto Lia está desesperada por amor, Raquel era a mulher insatisfeita com o amor que tinha, sempre ocupada em competir com sua irmã.

Observe que Lia tem seu primeiro filho e lhe chama Rubéns, sua expectativa é que, por causa desse filho, venha ser amada. Gera Simeão, considerando-o como uma compensação ao desprezo que sofria em casa. Nasce Levi e, novamente ela espera que Jacó a ame. Observe as expectativas erradas de Lia em relação à maternidade. Ela ainda não compreendeu que Deus seus filhos eram o presente mais precioso que Ele estava lhe concedendo.
Então, o Senhor lhe dá mais uma chance, para que ela compreenda seu cuidado e amor. Nasce Judá... Lia decide louvar ao Senhor... Quando Lia decide louvar ao Senhor, ela recebe seus filhos como uma dádiva, um presente maravilhoso. Ela muda seu foco... Ela deixa de viver lamentando por algo que não tinha, por um amor que a vida não lhe concedeu... Ela coloca sua atenção no que havia recebido de Deus. Ela passou por momentos de grandes frustrações, decepções, amargura, porque estava buscando em Jacó, o que apenas Deus poderia lhe dar.

Conclusão:

Viver com a dor da rejeição por aqueles que deveriam nos amor, não é fácil. A história de Lia nos ensina que podemos viver competindo para chamar atenção da forma errada, como Lia fez, usando seus filhos. Ou podemos escolher focalizar o amor de Deus e agradecer a Ele porque, ainda que as pessoas nos desprezem, nos rejeitem e nos esqueça, Deus está com os braços sempre abertos para nos amparar, e suas mãos estendidas para abençoar.

Para, olhe ao seu redor. Veja as flores, as árvores, os pássaros, olhe para os rios e mares, o sol e as estrelas... Olhe para o que Deus está lhe dando, decida louvá-lo ao invés de chorar pelo que não conseguiu... Você vai ver como isso vai curar a sua alma. O que fez diferença na vida de Lia, não foi o que ela recebeu de Deus, mas a decisão de louvá-lo, de entender o que Ele havia feito por ela... Corremos grande risco de passar pela vida, recebendo bençãos maravilhosas de Deus, mas nunca vivermos plenamente, ou desfrutar do que recebemos, porque estamos ocupados demais chorando pelo que não temos...








quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Amigos que amam acima das circunstâncias

Marcos 2:1-12

1 - E ALGUNS dias depois, entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa.
2 - E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam; e anunciava-lhes a palavra.
3 - E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
4 - E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
5 - E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.
6 - E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
7 - Por que diz este, assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
8 - E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?
9 - Qual é mais fácil dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?
10 - Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico),
11 - A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
12 - E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos.

Acho lindas todas as histórias de milagres de Jesus, relatadas na Bíblia Sagrada. Mas há uma história, em particular, que me fascina. Não porque seja um milagre maior do que os outros, todos os milagres de Deus simplesmente não têm tamanho, nem explicação, e por isso, o nome milagre. Marcos capítulo 2, traz a história de um paralítico e quatro amigos. Os amigos carregaram um paralítico até à presença de Jesus. Mais do que uma história de milagres, essa é uma história de relacionamentos, de amizade e compromisso.
Então me pergunto: Como estão meus relacionamentos? Até que ponto estou realmente comprometido nos meus relacionamentos? O que tenho feito pelos meus amigos? E quando sou eu que estou na condição do paralítico, precisando de ajuda, qual é a minha reação? Gratidão e respeito, ou amargura e ressentimento?

Eu creio que esse homem era alguém realmente especial. Fico imaginando seus amigos falando com ele: “Olha, nós ouvimos falar de um homem chamado Jesus, ele está fazendo vários milagres. Tem surdo ouvindo, mudos falando, cegos enxergando. Acredita que Ele está até ressuscitando os mortos? É demais o que está acontecendo. Nós temos que levar você até Ele.” Talvez o paralítico responda: “Eu não tenho como chegar lá.” Os amigos respondem: “Nós vamos carregar você.” Paralítico diz: “Gente, mas eu sou pesado, não quero ser um fardo pra vocês.” Os amigos finalmente dizem: “Nós somos seus amigos, carregar você até Jesus pra que seja curado, não é nada”.
Quando finalmente, eles chegam à casa onde Jesus está, encontram outro problema. Eu não sei o quanto eles caminharam até estar ali. Deveriam estar cansados, ofegantes, e agora, a casa está tão lotada que não tem como chegar perto de Jesus e lhe apresentar seu amigo. Estão tão perto, caminharam tanto pra chegar ali, e agora, vão voltar pra casa sem receber o que foram buscar. Mas, estão tão pertinho da benção! Eles poderia ter dito para o seu amigo paralítico: “Desculpa aí, você viu que a gente tentou, queria te ajudar, mas não deu, né? Fazer o que? Ao menos, nós tentamos.” E voltariam pra casa com a consciência limpa, mãos lavadas porque fizeram o melhor que podiam.  Mas, não foi o que eles fizeram. Eles estavam determinados a encontrar uma solução. Esses amigos são aqueles do tipo solucionadores de problemas.  É bom estar com pessoas assim, elas veem as dificuldades, mas não se dobram. Eles decidem transpor as dificuldades. Nada poderia impedi-los de receber a benção.  Eles sobem pelo telhado, puxando o paralítico, removem o telhado do lugar, e baixam o paralítico até onde Jesus está.

Diz a Bíblia que Jesus viu a fé que eles tinham e, por isso curou os paralíticos. É fácil crer quando a solução está fácil de ser alcançada. Porém a fé te leva a decisões e atitudes que transpõem qualquer dificuldade. Não importava se eles tinham que carrega-lo ou não.  Eles estavam dispostos a tudo para desfrutar a companhia desse amigo paralítico.
Por outro lado, a Bíblia também fala sobre um outro homem, em João 5.6-14, que por 38 anos era paralítico, porque não tinha quem o ajudasse a descer ao poço na hora em que o anjo movimentasse as águas. Por que esse homem ficou só? Será que o mundo todo era tão mal e egoísta que o abandonou ali?  A história de Marcos 2, mostra que o problema não eram as pessoas ou o mundo. Nós encontramos 2 homens igualmente paralíticos, sem ter condições de caminhar, porém um estava completamente só e outro tinha 4 amigos dispostos a tudo para estar com ele.  Talvez esse homem de João 5, fosse um homem amargurado, que não sabia receber amor de ninguém. E, pouco a pouco, acabou afastando todos dele.

O que nos afasta ou aproxima das pessoas não é nossa condição, porém a forma como reagimos. O que marca nossa história de vida não são os acontecimentos que estão fora do nosso controle, mas nossa atitude. Os dois homens tinham o mesmo problema, mas o que fez diferença no rumo de suas histórias foi a atitude de saber amar e receber amor, acima de tudo.  Outro ensinamento dessa história é que é maravilhoso ter amigos, amigos que acreditem, que creiam por nós, mesmo quando as circunstâncias dizem que o milagre não é possível. Eles caminham conosco, nos carregam no colo e nos apresentam a Jesus.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Maria, uma mulher à frente do seu tempo

Lucas 10.38-42 fala sobre a visita de Jesus à casa de duas irmãs, Marta e Maria. Essas duas irmãs são um exemplo clássico das diferenças entre as pessoas e em família. Afinal, quem eram elas?

Marta é o retrato típico de uma moça tradicional. Digo tradicional, referindo-me à aceitação das tradições sociais de forma passiva. Ela não apenas aceita o que a sociedade impõe, mas vive essas tradições e zela por cumprí-las.  Nós percebemos isso pela forma como ela repreende Maria por não estar cuidando dos afazeres domésticos em primeiro lugar.
Um estudo detlhado de Provérbios 31(pretendo postar em breve) nos dá uma descrição das atribuições para as mulheres judias. A mulher judia era responsável pelo trabalho doméstico, o que não era pouco. Seu trabalho incluía cozinhar, então não mudou muita coisa de lá pra cá, você pode pensar. Porém, para que pudesse cozinhar, era necessário primeiro preparar a farinha, através do processo de moer os grãos. O principal alimento era o pão, um tipo de massa que era preparada sem fermento. Para isso, ainda de madrugada ela precisava se levantar, selecionar os grãos e moê-los. Não com um processador como o nosso, mas com um moinho de pedras, semelhante ao ilustrado na foto. (a foto foi retirada deste blog: http://veraguimaraescavalcanti.blogspot.com/2010/01/natal-2009-em-garanhuns.html)

Muitas outras tarefas faziam parte do trabalho feminino, tais como: costura, cuidar dos animais criados em casa, lavar, costurar, carregar água(lembre-se que naqueles dias não havia água encanada, nem sistema de esgoto). Em alguns casos, a mulher não apenas costurava a roupa, mas preparava tanto o fio de lã e o fio do linho seco, para o processo de tecelagem. Depois de tecido, viria o processo de confecção das roupas propriamente dito.

Marta era uma mulher que compreendia perfeitamente suas obrigações como mulher em sua casa e queria cumprí-las com muito zelo. Ela queria deixar a casa em ordem: casa limpa, comida pronta na hora certa, lamparinas sempre acesas, água nos cântaros.  Ir na casa de Marta deveria ser como quando somos convidados para o almoço na  casa de alguém. Serve-se vários tipos de pratos(a irmã passou horas, talvez tenha iniciado os preparos no dia anterior ou se levantou de madrugada, pra deixar tudo em ordem). A dona da casa quer que tudo seja tão perfeito, que sejamos tão bem servidos, que não tem tempo de sentar-se à mesa conosco, e assim, podermos realmente compartilhar algum tempo juntos, e gozar da sua companhia.Às vezes, a dona da casa está tão ocupada, que só a vemos na hora da despedida, e a única coisa que podemos lhe dizer é que tudo estava uma delícia. E esse, acaba sendo o único relacionamento que temos com quem quis nos receber tão bem.  Imagine como Marta deveria estar atarefada, preocupada, em como iria receber o Amigo e Mestre Jesus, uma figura tão ilustre, tão importante.

Isso nos revela uma característica de Marta: uma mulher voltada para as tarefas, enquanto que, Maria era voltada para pessoas, relacionamentos eram mais importantes. O trabalho diário de uma casa, sempre estaria ali. Mas, Jesus estava só de passagem. Quantas pessoas já passaram por nossas vidas e nós estávamos tão ocupados que não tivemos tempo de estar com elas? Marta é uma mulher conformada com seu papel, apaixonada pelo que lhe era oferecido: trabalho, trabalho, trabalho. Assim era a vida tradicional das mulheres do tempo de Marta. Ela era uma mulher com um objetivo: cumprir suas obrigações como mulher dentro da sociedade.

Porém, Maria era uma mulher inconformada, ousada. Maria queria mais do que a sociedade dizia ser direito dela. Ela queria conhecimento de Deus, ela queria relacionamento com o Mestre. Assentar-se aos pés de alguém é uma referência a ouvir para aprender os ensinamentos de um grande Mestre. O mestre na sinagoga se assentava ao chão com as pernas cruzadas e os alunos à sua frente. Mas, essa era uma prática reservada exclusivamente aos meninos a partir de certa idade, quando começavam a ser ensinados sistematicamente na Lei de Moisés. Lembre-se que Paulo, por exemplo, foi instruído aos pés de Gamaliel. Quando Maria está aos pés de Jesus, Marta se escandaliza, aquilo é um absurdo completo. Marta espera que Jesus, como autoridade masculina, repreenda Maria, colocando-a no devido lugar. "Não percebe Jesus, que Maria não estava fazendo o que é obrigação dela? Olha só, eu sim, estou aqui fazendo o certo, tudo sozinha."  Marta é uma mulher presa às suas obrigações e queria que sua irmã fosse como ela.  Quantas vezes, criticamos as pessoas, e deixamos de amá-la porque queremos que sejam como nós? Quantas vezes não compreendemos a forma como Deus está agindo na vida do nosso irmão, simplesmente, porque ele não serve da mesma forma que nós?

Maria é uma mulher incrível, corajosa. Para sentar-se aos pés de Jesus e aprender dEle é preciso coragem. Nem sempre Ele vai nos ensinar o que queremos aprender e ouvir. Ela é ousada, quebra o protocolo, ousa querer mais de Jesus, mais do Mestre. A pessoas e as convenções sociais dizem a ela: Não. Jesus diz: Sim. E ela escolhe  acreditar na palavra do Mestre. As pessoas dirão a você que não, que Deus não pode fazer mais nada por você, as circunstâncias também lhe dirão não. Jesus lhe dirá: Sim, é possível receber mais, é possível aprender mais, é possível me conhecer melhor, é possível que eu receba sua adoração. Jesus lhe dirá: Sim, ainda tem jeito. Mas só você pode escolher em quem vai acreditar. A ousadia de Maria é manifesta em outra ocasião. Ela é a mesma Maria de Betânia, citada em Mateus 26.1-13. No versículo 11, Jesus deixa claro que Maria reconheceu, compreendeu que nem sempre Ele estaria entre seus díscipulos, por isso ela decide, ela ousa, dar a Jesus algo especial, ela quer fazer por Ele algo que marcasse, algo especial. Então, ela unge os pés de Jesus com um perfume especial. Esse perfume custava cerca de 300 denários, equivalente a 1 ano de trabalho, lembrando que o salário de uma mulher era menor do que um homem. Para ela, isso custaria muito mais.

Maria é uma mulher que aproveita as oportunidades. Na sinagoga, ela não teria oportunidade de estar tão próxima do Mestre, fazer suas perguntas, simplesmente ouví-lo, e ter sua sede saciada. Assim, ela deixa todas as suas tarefas de lado e se assenta aos pés de Jesus. "É agora, essa é a minha chance de conhecê-lo melhor", talvez tenha sido esse seu pensamento.

Marta e Maria são duas mulheres, duas pessoas que recebiam Jesus, que se encontravam com Ele, na mesma casa, mesmo lugar, na mesma hora. Mas, cada uma o recebia de uma forma completamente diferente da outra. Cada uma tinha uma visão, uma expectativa completamente diferente em relação  a Ele, o que as levava a relacionar-se com Ele de maneira diferente.

Para Marta, Jesus era um homem amigo da família, uma pessoa importante. Ela o tratava como faria a qualquer outro homem que frequentava sua casa, servindo-o com água e comida, numa casa limpa e arrumada, seguindo a etiqueta e as regras da boa educação e conduta. E ela espera que Jesus a trate, espera dela o que um homem comum esperaria: que o servisse como deveria. A expectativa de Marta está muitíssimo abaixo da proposta de Jesus.

Porém, Maria enxergou em Jesus o Mestre dos Mestres. Ela compreendeu que Jesus estava acima de qualquer outro, que Ele era a fonte que saciaria a sua sede de conhecimento e iria encher a sua alma. Maria teve uma expectativa muito além do que Marta, por isso, ela recebeu o melhor dEle. Maria desejou um mundo novo, quis mais do que a sociedade lhe oferecia. Maria, uma mulher à frente do seu tempo, Ela desejou mais, buscou mais em Cristo e recebeu dEle o que queria. Ela "recebeu a boa parte, que ninguém poderia tirar dela". O que Maria recebeu, as palavras de vida ouvidas do seu Mestre, ninguém poderia lhe tirar.  
Jesus recebeu a atitude de Maria. Jesus compreendeu sua sede e a saciou. Ele não a ridicularizou como Marta pretendia e esperava que qualquer outro homem faria. Maria recebeu o que Marta não ousaria imaginar ser um direito seu, e nem mesmo, que Jesus pudesse lhe dar.  Ela recebeu a melhor parte. Você quer o que Maria recebeu? Então, busque-o como ela buscou.

A mulher com fluxo de sangue

Lucas 8.43-48
43 - E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada,
44 - Chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue.
45 - E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou?
46 - E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.
47 - Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara.
48 - E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
Diferentes tipos de pessoas que seguiam Jesus:
1. CURIOSOS: Queriam apenas ver o que estava acontecendo, que tipo de movimento diferente do habitual era aquele.


2. ACUSADORES: Haviam pessoas buscando uma falha em Jesus para acusá-lo.


3. Pessoas que realmente queriam saber quem era Jesus.

4. Aqueles que sabiam que Ele era o Messias, a promessa de Deus para salvar o mundo.

Entre essas multidões, encontramos uma mulher enferma em Lucas 8 que, por 12  anos sofria uma hemorragia.


     A REAL SITUAÇÃO DA MULHER HEMORRÁGICA


De acordo com a Lei de Moisés, Levítico 15, a mulher com fluxo de sangue era considerada impura enquanto durasse a hemorragia.

 Lei do ciclo menstrual: enquanto durasse o período menstrual, a mulher era impura. Cessando a hemorragia, ela deveria se apresentar ao sacerdote e oferecer 2 rolas ou 2 pombinhos para expiação do pecado e para holocausto, 7 dias depois que cessasse o seu período.
Durante a hemorragia: era impura, tudo que tocasse era impuro, onde se sentava ou deitava era impura. A pessoa que a tocasse, seria imundo até à tarde. (Levítico 15.20)
Essa lei era aplicada também a hemorragias que se prolongassem por período maior do que a menstruação.

Por 12 anos, essa mulher era "A INTOCÁVEL". Tudo que ela tocava se tornava impuro. Imagine o fardo, a culpa, o desespero emocional dessa mulher. Ela não era uma mulher com um único problema de saúde físico, sua enfermidade era tratada pela Lei de Moisés como algo espiritual, pois necessitava de sacrificio para expiação pelo pecado e holocausto, era necessário que ela fosse purificada. Imagine o fardo, a culpa, o desespero emocional dessa mulher. Ela era “O PROBLEMA”. Ninguém podia se aproximar dela. As pessoas não a tocavam, não a abraçavam. Sua enfermidade a afastava de todos, a deixa à margem da sociedade. A enfermidade não era apenas um problema físico, mas social e emocional também. Ela tentou de todos os modos se livrar daquela doença. Procurou todos os médicos conhecidos, afastou tudo que tinha, mas nada aconteceu, ela continuava enferma e impura.

Então, ela ouve falar de Jesus. Mas, como encontrá-lo? Como pedir ajuda? Milhares e milhares de pessoas estavam sempre ao seu redor.


Ela quebra o protocolo: A sua única solução para se aproximar de Jesus, seria se colocar no meio da multidão (e, com isso, acaba se esbarrando em outras pessoas, imagine se a descobrissem. Se o plano não desse certo? Se as pessoas descobrem o seu problema e a culpam por tê-los tornado imundos? Ela ignora todas essas questões, quebra as barreiras que a impedem de se aproximar de alguém, e entra no meio da multidão em busca de Jesus. Ela tem fé de que se ao menos tocar nas roupas de Jesus, seria curada. A sua última chance era a FÉ, CRER. Não lhe restava mais nada.  
Quando nada mais funcionar, Creia, quebre o protocolo, deixe de lado a tradição, as convenções sociais, e vá com fé, em busca de Jesus. 

É incrível a fé que essa mulher tem em Jesus. Decidir tocar em Jesus para ser curada reflete o modo como ela vê Jesus:

Santo: ela reconhece que a santidade de Jesus é absoluta, inquestionável, inquebrável. É impossível que Cristo fique contaminado pela sua impureza. Jesus não a repreendeu porque ele a tocou. Se fosse um sacerdote da época, com certeza, a teria discriminado diante de todos. A mulher se revela tremendo de medo. Talvez, ela pense: “quebrei a lei, eu sou impura e o toquei...” 



47 - Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara. 
 Mas, ela foi em busca de Jesus. A santidade de Jesus, sua pura virtude, a curou e purificou. Falta-nos chegar diante de Jesus, tocá-lo, e receber sua virtude para ser santificado.


Redentor: ela reconhece que Jesus é o Cordeiro de Deus, que ele poderia curar seu corpo físico, mas também redimi-la da impureza que a atormentava por 12 anos e a mantinha excluída de todos.

O que Jesus fez por essa mulher

1.     JESUS CUROU SEU CORPO. Logo tudo mudou. Ela conheceu Jesus e Ele a restaurou. Uma doença  que nenhum médico encontrou a cura, e seus recursos materiais não puderam resolver, apenas Jesus curou. 
2.     JESUS CUROU SUA ALMA: Por 12 anos, ela viveu com o fardo de trazer impurezas. Imagine os traumas e complexos daquela mulher, a solidão em que vivia. Jesus libertou sua alma desse fardo.

3.     JESUS A REINTEGROU À VIDA SOCIAL: Pessoas não se aproximariam dela por causa da sua doença. Se as pessoas se aproximassem dela, estivessem conversando e, por um incidente a tocasse, se tornariam impuros por um dia inteiro. Também, não poderiam se sentar no mesmo lugar que ela, ou mesmo tocar qualquer objeto que ela tivesse tocado. Essa enfermidade a excluía do convívio social e familiar. Um abraço, um aperto de mão, um beijo ou um pequeno gesto de carinho não era parte da sua rotina. Mas agora, ela estava livre para a vida social novamente.


Conclusão: A missão de Jesus abrange o ser humano de forma integral e os excluídos da sociedade, vítimas de preconceito.


Ele curou enfermos: reconheceu as necessidades físicas do ser humano


Ressuscitou os mortos: trouxe à vida os que não tinham mais esperança
Alimentou os famintos: reconheceu carências materiais
Perdoou pecados: reconheceu carências espirituais.
Como igreja, precisamos entender que temos uma missão integral que abrange o ser humano como o todo: ser espiritual, emocional, físico, social.
Eu fico realmente intrigada, perplexa, quando estudo a vida de Jesus, os milagres que Ele realizou. Percebo, que é muito mais do que um sinal sobrenatural do seu poder em ação. Quando Jesus realiza um milagre, Ele não está pensando naquele momento em si. Imagino que em sua mente, Ele visualiza toda a transformação que o milagre trará à vida daquele que experimenta, que vivencia o milagre. E, quando pensamos nisso, nossa concepção sobre os milagres de Deus muda completamente, porque podemos compreender que, o milagre de Deus simplesmente não tem dimensão, é impossível descrever a ação e influência da ação de Jesus em nossa vida.
Com isso vemos, como somos pequenos(em tamanho, idéias, valores, opiniões, fé, expectativas) e vemos como é grande a glória e majestade de Cristo. E, o fato dele se importar conosco, tão pequenos, e Ele tão grande, tão imenso, o torna ainda maior e nos torna ainda menores, minúsculos.
A Ele, pois, glória, honra, e louvor.

"Rogo-te que me mostres a tua glória"

"Então, ele(Moisés) disse: Rogo-te que me mostres a tua gloria." Quando penso em Moisés, vejo um homem cuja vida é marcada p...