A
Bíblia relata a história de duas mulheres que faziam parte de um
casamento bígamo e não eram amadas por seus maridos. É comum
falar sobre elas como as vilãs da história, mas vamos conhecer um
pouco mais sobre elas e o mundo em que viviam. Elas são Lia e
Penina. Hoje, vamos nos focalizar mais na história de Lia.
O
que Lia e Penina tinham em comum:
- Eram a “OUTRA” num casamento bígamo,
- Eram “as não amadas” por seus maridos (Gn. 29,30 – I Sm.1.5)
- Não eram estéreis, geraram descendência para seus maridos;
- Disputavam com a outra esposa (Raquel e Ana) pela atenção dos seus maridos.
A
história de Lia
De
acordo com tradição da época, a filha velha deveria ser a primeira
a se casar. Enquanto ela não se casasse, suas irmãs mais novas não
poderiam se casar.
Numa
família com duas moças, a mais nova, Raquel, se destaca por sua
beleza e, de imediato, encontra um pretendente apaixonado, Jacó,
disposto a trabalhar pelo direito de se casar com ela, durante sete
anos. Passam-se os anos, e Jacó mais apaixonado do que nunca, se
prepara para o casamento.
Mas,
Labão está num grande dilema. Sua filha mais velha, Lia, continua
solteira e sem pretendente. Para solucionar um problema social, o pai
das moças, troca as noivas na hora do casamento. As convenções
sociais são colocadas por Labão acima de qualquer preocupação com
os sentimentos e felicidade de suas filhas. (Gn. 29.26) Obedientes,
as moças seguem o plano estipulado por Labão.
Imagine
o sentimento de Lia, ao se casar no lugar de sua irmã.
- Ela sabia que não era amada por Jacó.
- Ela não se identificou como Lia até que o casamento se consumou e amanheceu. Em silêncio, ela passa a noite com Jacó, está com o coração cheio das mais belas esperanças de amor... “Eu consegui me casar, quem sabe ele ainda me amará! Não sou mais encalhada...”
E,
na manhã seguinte, imagine como ela se sentiu desprezada ao ver
estampado no rosto de Jacó o susto e a decepção, ao descobrir que
aquela não era sua amada Raquel. Jacó acorda pela manhã: “Opa,
tem alguma coisa errada aqui! Onde está Raquel, minha noiva, por
quem trabalhei todos esses anos.” Como será que ela se sentiu ao
ver Jacó tirando satisfações com Labão a respeito da bela e amada
Raquel? O retrato de toda sua vida, passa por sua mente por um
instante. Todas as suas fantasias românticas são desfeitas em
questão de segundos. Ela se sentiu feia, inadequada, insuficiente,
rejeitada, frustrada, impossível de ser amada...
Ao
se olhar no espelho e ver que não era bela como sua irmã caçula e,
que por um problema no olho (talvez fosse vesga) já tivesse até
mesmo se conformado em ficar solteira, talvez o sonho de encontrar o
princípe encantado já tivesse se desfeito. Mas, Labão tem a
brilhante ideia de casá-la no lugar de Raquel, e isso faz reviver
todos os sonhos adormecidos, para se transformarem numa decepção
logo em seguida. Seus sonhos e esperanças duram apenas uma noite.
Logo,
Jacó se casa com sua irmã caçula e se inicia uma vida de
rivalidade e competição entre as duas irmãs. A família vai
aumentando, os filhos vão nascendo. Apenas Lia é fértil, apenas
ela dá filhos para Jacó, até o momento. Lia, uma mulher
desesperada por amor, se ilude ao tentar conquistar o amor de Jacó
com os filhos que gerava. Ela usa a estratégia errada para
conquistar o amor de seu marido. Filhos são herança, presente do
Senhor, mas não são de forma alguma, um meio para manter um
casamento conturbado, ou “segurar marido”.
Deus
estava abençoando Lia, mas ela está tão desesperada por amor, por
conquistar atenção de seu marido, que não compreendeu o cuidado de
Deus em sua vida. O ponto chave na vida de Lia é:
- Deus viu que ela era desprezada (Gn. 29.31)
- Deus não a deixou sem amor. Ele lhe deu filhos para amar e por eles ser amada.O seu marido não a amava, mas Deus não se esqueceu dela. Deus a viu, contemplou o seu desespero, a sua dor e se importou com ela. Jacó, mesmo não a amando, é obrigado a reconhecer que Deus a fez frutificar. Quando pressionado por Raquel, que é esteril e deseja ter filhos, Jacó lhe responde: “Acaso estou eu em lugar de Deus...?” Esse é um claro reconhecimento de que a maternidade era um presente de Deus e que Lia foi agraciada por Deus. (Gn. 30.1,8)
- Deus escolheu dentre os filhos de Lia -Judá- para ser a tribo por meio de quem seu Filho Jesus viria ao mundo.
Enquanto
Lia está desesperada por amor, Raquel era a mulher insatisfeita com
o amor que tinha, sempre ocupada em competir com sua irmã.
Observe
que Lia tem seu primeiro filho e lhe chama Rubéns, sua expectativa
é que, por causa desse filho, venha ser amada. Gera Simeão,
considerando-o como uma compensação ao desprezo que sofria em casa.
Nasce Levi e, novamente ela espera que Jacó a ame. Observe as
expectativas erradas de Lia em relação à maternidade. Ela ainda
não compreendeu que Deus seus filhos eram o presente mais precioso
que Ele estava lhe concedendo.
Então,
o Senhor lhe dá mais uma chance, para que ela compreenda seu cuidado
e amor. Nasce Judá... Lia decide louvar ao Senhor... Quando
Lia decide louvar ao Senhor, ela recebe seus filhos como uma dádiva,
um presente maravilhoso. Ela muda seu foco... Ela deixa de viver
lamentando por algo que não tinha, por um amor que a vida não lhe
concedeu... Ela coloca sua atenção no que havia recebido de Deus.
Ela passou por momentos de grandes frustrações, decepções,
amargura, porque estava buscando em Jacó, o que apenas Deus poderia
lhe dar.
Conclusão:
Viver
com a dor da rejeição por aqueles que deveriam nos amor, não é
fácil. A história de Lia nos ensina que podemos viver competindo
para chamar atenção da forma errada, como Lia fez, usando seus
filhos. Ou podemos escolher focalizar o amor de Deus e agradecer a
Ele porque, ainda que as pessoas nos desprezem, nos rejeitem e nos
esqueça, Deus está com os braços sempre abertos para nos amparar,
e suas mãos estendidas para abençoar.
Para,
olhe ao seu redor. Veja as flores, as árvores, os pássaros, olhe
para os rios e mares, o sol e as estrelas... Olhe para o que Deus
está lhe dando, decida louvá-lo ao invés de chorar pelo que não
conseguiu... Você vai ver como isso vai curar a sua alma. O que fez
diferença na vida de Lia, não foi o que ela recebeu de Deus, mas a
decisão de louvá-lo, de entender o que Ele havia feito por ela...
Corremos grande risco de passar pela vida, recebendo bençãos
maravilhosas de Deus, mas nunca vivermos plenamente, ou desfrutar do
que recebemos, porque estamos ocupados demais chorando pelo que não
temos...
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