segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Desprezadas na terra, aceitas e amadas por Deus

A Bíblia relata a história de duas mulheres que faziam parte de um casamento bígamo e não eram amadas por seus maridos. É comum falar sobre elas como as vilãs da história, mas vamos conhecer um pouco mais sobre elas e o mundo em que viviam. Elas são Lia e Penina. Hoje, vamos nos focalizar mais na história de Lia.

O que Lia e Penina tinham em comum:
  • Eram a “OUTRA” num casamento bígamo,
  • Eram “as não amadas” por seus maridos (Gn. 29,30 – I Sm.1.5)
  • Não eram estéreis, geraram descendência para seus maridos;
  • Disputavam com a outra esposa (Raquel e Ana) pela atenção dos seus maridos.
A história de Lia

De acordo com tradição da época, a filha velha deveria ser a primeira a se casar. Enquanto ela não se casasse, suas irmãs mais novas não poderiam se casar.

Numa família com duas moças, a mais nova, Raquel, se destaca por sua beleza e, de imediato, encontra um pretendente apaixonado, Jacó, disposto a trabalhar pelo direito de se casar com ela, durante sete anos. Passam-se os anos, e Jacó mais apaixonado do que nunca, se prepara para o casamento.

Mas, Labão está num grande dilema. Sua filha mais velha, Lia, continua solteira e sem pretendente. Para solucionar um problema social, o pai das moças, troca as noivas na hora do casamento. As convenções sociais são colocadas por Labão acima de qualquer preocupação com os sentimentos e felicidade de suas filhas. (Gn. 29.26) Obedientes, as moças seguem o plano estipulado por Labão.
Imagine o sentimento de Lia, ao se casar no lugar de sua irmã.
  1. Ela sabia que não era amada por Jacó.
  2. Ela não se identificou como Lia até que o casamento se consumou e amanheceu. Em silêncio, ela passa a noite com Jacó, está com o coração cheio das mais belas esperanças de amor... “Eu consegui me casar, quem sabe ele ainda me amará! Não sou mais encalhada...”
E, na manhã seguinte, imagine como ela se sentiu desprezada ao ver estampado no rosto de Jacó o susto e a decepção, ao descobrir que aquela não era sua amada Raquel. Jacó acorda pela manhã: “Opa, tem alguma coisa errada aqui! Onde está Raquel, minha noiva, por quem trabalhei todos esses anos.” Como será que ela se sentiu ao ver Jacó tirando satisfações com Labão a respeito da bela e amada Raquel? O retrato de toda sua vida, passa por sua mente por um instante. Todas as suas fantasias românticas são desfeitas em questão de segundos. Ela se sentiu feia, inadequada, insuficiente, rejeitada, frustrada, impossível de ser amada...



Ao se olhar no espelho e ver que não era bela como sua irmã caçula e, que por um problema no olho (talvez fosse vesga) já tivesse até mesmo se conformado em ficar solteira, talvez o sonho de encontrar o princípe encantado já tivesse se desfeito. Mas, Labão tem a brilhante ideia de casá-la no lugar de Raquel, e isso faz reviver todos os sonhos adormecidos, para se transformarem numa decepção logo em seguida. Seus sonhos e esperanças duram apenas uma noite.

Logo, Jacó se casa com sua irmã caçula e se inicia uma vida de rivalidade e competição entre as duas irmãs. A família vai aumentando, os filhos vão nascendo. Apenas Lia é fértil, apenas ela dá filhos para Jacó, até o momento. Lia, uma mulher desesperada por amor, se ilude ao tentar conquistar o amor de Jacó com os filhos que gerava. Ela usa a estratégia errada para conquistar o amor de seu marido. Filhos são herança, presente do Senhor, mas não são de forma alguma, um meio para manter um casamento conturbado, ou “segurar marido”.

Deus estava abençoando Lia, mas ela está tão desesperada por amor, por conquistar atenção de seu marido, que não compreendeu o cuidado de Deus em sua vida. O ponto chave na vida de Lia é:
  • Deus viu que ela era desprezada (Gn. 29.31)
  • Deus não a deixou sem amor. Ele lhe deu filhos para amar e por eles ser amada.
    O seu marido não a amava, mas Deus não se esqueceu dela. Deus a viu, contemplou o seu desespero, a sua dor e se importou com ela. Jacó, mesmo não a amando, é obrigado a reconhecer que Deus a fez frutificar. Quando pressionado por Raquel, que é esteril e deseja ter filhos, Jacó lhe responde: “Acaso estou eu em lugar de Deus...?” Esse é um claro reconhecimento de que a maternidade era um presente de Deus e que Lia foi agraciada por Deus. (Gn. 30.1,8)
  • Deus escolheu dentre os filhos de Lia -Judá- para ser a tribo por meio de quem seu Filho Jesus viria ao mundo.
Enquanto Lia está desesperada por amor, Raquel era a mulher insatisfeita com o amor que tinha, sempre ocupada em competir com sua irmã.

Observe que Lia tem seu primeiro filho e lhe chama Rubéns, sua expectativa é que, por causa desse filho, venha ser amada. Gera Simeão, considerando-o como uma compensação ao desprezo que sofria em casa. Nasce Levi e, novamente ela espera que Jacó a ame. Observe as expectativas erradas de Lia em relação à maternidade. Ela ainda não compreendeu que Deus seus filhos eram o presente mais precioso que Ele estava lhe concedendo.
Então, o Senhor lhe dá mais uma chance, para que ela compreenda seu cuidado e amor. Nasce Judá... Lia decide louvar ao Senhor... Quando Lia decide louvar ao Senhor, ela recebe seus filhos como uma dádiva, um presente maravilhoso. Ela muda seu foco... Ela deixa de viver lamentando por algo que não tinha, por um amor que a vida não lhe concedeu... Ela coloca sua atenção no que havia recebido de Deus. Ela passou por momentos de grandes frustrações, decepções, amargura, porque estava buscando em Jacó, o que apenas Deus poderia lhe dar.

Conclusão:

Viver com a dor da rejeição por aqueles que deveriam nos amor, não é fácil. A história de Lia nos ensina que podemos viver competindo para chamar atenção da forma errada, como Lia fez, usando seus filhos. Ou podemos escolher focalizar o amor de Deus e agradecer a Ele porque, ainda que as pessoas nos desprezem, nos rejeitem e nos esqueça, Deus está com os braços sempre abertos para nos amparar, e suas mãos estendidas para abençoar.

Para, olhe ao seu redor. Veja as flores, as árvores, os pássaros, olhe para os rios e mares, o sol e as estrelas... Olhe para o que Deus está lhe dando, decida louvá-lo ao invés de chorar pelo que não conseguiu... Você vai ver como isso vai curar a sua alma. O que fez diferença na vida de Lia, não foi o que ela recebeu de Deus, mas a decisão de louvá-lo, de entender o que Ele havia feito por ela... Corremos grande risco de passar pela vida, recebendo bençãos maravilhosas de Deus, mas nunca vivermos plenamente, ou desfrutar do que recebemos, porque estamos ocupados demais chorando pelo que não temos...








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