sexta-feira, 30 de março de 2012

A prova do nosso coração



...Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu ponha à prova se anda na minha lei ou não.” Êxodo 16.4

O capítulo 16 de Êxodo descreve a provisão de Deus sobre o povo de Israel durante a travessia do deserto. A partida para alcançar a terra prometida é marcada por grandes milagres de Deus.

Na verdade, a saída do Egito é um milagre por si só. Quando Deus manifesta todos os sinais por meio das dez pragas derramadas sobre os egipícios, os milagres se iniciam com o objetivo de revelar aos filhos de Israel que os deuses egipícios nada eram; Deus estava subjugando os deuses egipícios diante do seu poder e sua glória. Assim, Ele queria dizer aos filhos de Israel que poderiam confiar nEle, que Ele é Deus acima de todos os outros deuses. Nada, ninguém poderia atingí-los, porque o Senhor dos Exércitos decidiu livrá-los e batalhar por eles.

É interessante observar que a cada sinal de Deus, a cada milagre que Deus realizava, ao invés de crescerem na fé, os israelitas aumentavam em incredulidade. Ao invés de se aproximarem de Deus, crescendo no seu relacionamento com Ele, eles cresciam em murmuração e provocação.

Deus já havia derrotado, quebrado totalmente o Egito que oprimia os filhos de Israel: Deus dizimou a terra do Egito. A provisão do Egito se esgotou por meio das dez pragas; Deus tocou a vida dos egipícios; Deus fez com que uma nação imponente se dobrasse diante de um grupo de escravos sem esperança, levando os egipícios a entregar as riquezas que possuiam em suas mãos. Deus já havia lhes dado água doce no deserto, saciando sua sede.

Até chegar em Êxodo 16, o tanto de milagres que Deus havia realizado era imenso, mas ainda não o suficiente para confiarem totalmente em Deus. O coração obstinado é assim. Não importa o que Deus faça, mas nunca será o suficiente para crer totalmente em Deus. Assim, uma vez mais, o povo reagiu com murmuração. Observe que eles não questionaram a Deus, eles questionam Moisés e Arão. Reclamam com Moisés porque ele, Moisés, os tirou do Egito para fazê-los morrer de fome. O que os leva a essa reclamação? Esse povo amava mais a vida de qualquer forma, do que uma vida de excelência, de dignidade. Eles não compreendiam o valor de ser livre. Haviam sido escravos toda a vida, lutando por sobreviver um dia após o outro e isso era tudo. Uma vida livre é uma vida baseada em princípios: princípios de honestidade, dignidade, amor, fraternidade. Quando menosprezaram a sua liberdade, estavam menosprezando esse tipo de vida: vida com princípios. Por outro lado, a razão da murmuração contra Moisés e Arão é que os israelitas ainda não haviam aceitado que a saída do Egito era uma obra de Deus, era resposta de Deus ao seu clamor. Eles ainda achavam que era uma obra do homem chamado Moisés, que havia conseguido aquilo só porque foi adotado pela filha de Faraó.

Deus não deixou Moisés na mão. Ao contrário, Deus reagiu àquela afronta contra o seu servo Moisés, que o obedeceu. Quando caminhamos em obediência a Deus, as afrontas que nos são feitas, na verdade, não são contra nós. Essas ofensas são contra o próprio Deus. E Ele se encarrega de trazer a solução e falar por nós. Note: não está registrado que Moisés foi até Deus e contou tudo o que o povo estava fazendo. Moisés não disse para Deus: “Olha só, Deus, esse povo ai, que o Senhor me mandou tirar do Egito, como é ingrato; olha o que eles estão fazendo comigo...” Moisés não vai chorar para Deus suas mágoas, seus ressentimentos contra aqueles sobre quem o próprio Deus lhe havia dado responsabilidade de conduzir até à terra prometida. Ele não se fez de vítima diante de Deus. Moisés apenas ouviu tudo o que o povo dizia, mas a resposta à afronta veio de Deus.

Como resposta, Deus disse que iria fazer chover pão do céu para saciar a fome dos filhos de Israel, para colocar à prova o seu coração, para saber se eles seguiriam a sua lei ou não, caminhando em obediência. Sempre pensamos que nosso coração é provado pela escassez, pela necessidade, pelos apertos e problemas que passamos no dia a dia. Esse é um grande engano. A verdadeira prova do nosso coração vem quando Deus está agindo por nós de forma muito clara, seus milagres estão acontecendo em nossa vida, mas continuamos insensíveis a Ele. Continuamos no caminho da incredulidade e desobediência. Esse foi o caminho seguido pela geração de israelitas que saiu do Egito e, portanto, pereceu no deserto, sem alcançar a promessa de entrar em Canaã.

Deus prova nosso coração pela provisão que nos dá dia após dia. O povo foi provado na sua capacidade de crer em Deus. Deus falou que, a cada dia, iria mandar maná do céu para saciar sua fome. Mas, haviam pessoas que não creram nisso, não creram que o Deus que dá a provisão hoje, é o mesmo que dará a provisão amanhã. A reação do povo foi: “ Deus tá dando maná hoje, mas e se amanhã Ele falhar?” Recolher mais do que precisava para o dia, pensando em guardar para amanhã, era uma atitude totalmente desprovida de fé e gratidão. Ingratidão e incredulidade são duas coisas que caminham juntas. Os incrédulos são sempre ingratos, nunca estão satisfeitos. Deus pode mover céus e terra em seu favor, mas continuam em desobediência e murmuração.

Aquele que decidiu caminhar por fé, reconhece os menores gestos como um ato do amor de Deus. E, a cada pequeno feito, cresce em relacionamento com Ele. Tem um coração agradecido, sabendo que todos os benefícios recebidos vêm do Pai. Essa pessoa escolhe o caminho da obediência, porque confia no Pai, confia nas suas orientações, sabe que o Deus da provisão de hoje cuidará da provisão de amanhã.

Hoje é 30 de março de 2012. Não conseguia dormir, me levantei de madrugada porque o Pai queria me dizer o que está escrito acima. Meu desejo é ter um coração agradecido dia a dia, crescendo em comunhão com Ele, independente do que Ele fará por mim, mas por tudo que Ele é e já fez por mim. 



terça-feira, 13 de março de 2012

O contato com o Santo purifica o impuro


Mt. 8.1-4
Todos nós já passamos, em algum momento, por situações constrangedoras. Tente lembrar de algum momento em que se sentiu isolado, sozinho, parecia que as pessoas te desprezavam. Então, imagine-se viver num lugar em que as pessoas não podem nem mesmo chegar perto de você, como se você tivesse algo contagioso. Assim era a situação de um leproso nos dias do Antigo Testamento e nos dias de Jesus.
A lepra no Antigo Testamento – Judaísmo – Levítico 13
O termo lepra no Antigo Testamento refere-se a vários tipos de doenças de pele, que eram uma fonte de impureza, sendo que, nem todos os tipos eram contagiosos. Levítico 13 descreve o diagnóstico de 21 tipos de doenças de pele, expressas pelo termo “lepra”. A expressão ainda era usada com outros significados, incluindo o fato de que a lepra poderia afetar roupas e casas, fazendo um referência a parasitas e fungos que poderiam originar outras doenças.
Levítico 13.12,13,20,55: a lepra torna a pessoa impura. O leproso deveria ser afastado da comunidade, vivendo fora do arraial.
Levítico 13.45,46: “Todos os dias em que a lepra estiver nele, será imundo, habitará só, a sua habitação será fora do arraial.”
Mas, antes disso, era feita uma declaração pública de que a pessoa estava com lepra. As suas vestes eram rasgadas, sua cabeça raspada e o próprio leproso tinha que gritar: “Imundo, imundo”. Isso era uma questão de humilhação. Imagine-se sair por ai, gritando: “ Eu estou sujo! Não toquem em mim, se você me tocar, você será contaminado!” Era mais ou menos que o leproso do Antigo Testamento teria que fazer. Jesus disse que o leproso purificado deveria se apresentar ao sacerdote porque a lei dada por Deus a Moisés, vigente naqueles dias, tratava a lepra como algo espiritual, que necessitava purificação. Não era um simples enfermidade física.
Uma vez que o leproso, estava limpo, haviam rituais de purificação que deveriam ser observados como testemunho para ser reintegrado à sociedade. É interessante observar que em muitas sociedades religiosas: islamismo, budismo, hinduísmo e judaísmo, as pessoas querem manter distância de leprosos, com medo de serem contaminados.
Na Índia, por exemplo, todos os dias nos deparamos nas ruas com leprosos que vivem de esmolas. É impressionante o número de leprosos. E a situação de todos é a mesma: vivem marginalizados, vítimas do preconceito e rejeição. Pessoas de qualquer, lhes oferece esmolas, alguns leprosos carregam até latinhas onde as moedas são depositadas para que ninguém os toque.
Jesus trouxe algo novo em relação a leprosos, enfermos e mortos, que nenhuma religião pode oferecer: Ele se aproximou dessas pessoas, Ele as tocou, Ele as curou, Ele lhes deu vida. Enquanto que, no próprio judaísmo, o sacerdote não podia tocar leprosos e mortos, senão, ficariam contaminados, Jesus fez muito mais do que isso. Jesus tocou o leproso, o imundo, o desprezável, o intocável, sem contudo se contaminar. Doenças e impurezas não eram fortes o suficiente para poluir, sujar, manchar, contaminar o Filho de Deus. Jesus trouxe uma nova dimensão, um novo conceito de santidade. Ao invés de ficar contaminado por tais impurezas, seu toque limpava e purificava o impuro.
Ao ver a situação dos leprosos na Índia, essa palavra se tornou mais viva, mais real pra mim. Aquele leproso poderia ser curado com uma única palavra de Jesus, mas Ele preferiu tocá-lo. Jesus fez mais do que restaurar a integridade física daquele homem. Quando Jesus toca o leproso, Ele está tocando sua alma, o seu coração; Jesus está dizendo que ele é aceito, ele é amado, não há preconceito ou lei alguma que o separe do amor de Deus. Aquele é o toque da reintegração, é o toque da aceitação. Ao que se sente rejeitado, Jesus diz, com aquele toque que nEle você é aceito e amado por Deus.
À igreja, fica o desafio de seguir o exemplo de Jesus, de ser um instrumento de Deus para restauração de vidas, amando e aceitando os excluídos da sociedade. Como missionário, esse é o nosso desafio numa terra de tantos preconceitos. Amar pessoas que não fazem a menor diferença para o governo e a sociedade.
Às vezes, nos consideramos melhores do que os outros, por causa da cor da nossa pele, do salário que temos, porque tomamos banho todos os dias... E, por isso, menosprezamos e sentimos nojo dos outros, nos sentimos indignos de tocar ou abraçar essas pessoas. Já pensou no que representou pra Jesus assumir nossos pecados? Diz a Bíblia, que Ele se fez pecado por nós. E Ele, o Santo, o Perfeito, não sentiu nojo nem de mim, nem de você.

"Rogo-te que me mostres a tua glória"

"Então, ele(Moisés) disse: Rogo-te que me mostres a tua gloria." Quando penso em Moisés, vejo um homem cuja vida é marcada p...