terça-feira, 7 de junho de 2016

"Rogo-te que me mostres a tua glória"

"Então, ele(Moisés) disse: Rogo-te que me mostres a tua gloria."

Quando penso em Moisés, vejo um homem cuja vida é marcada por milagres e sinais sobrenaturais. O seu primeiro encontro com Deus foi de forma sobrenatural. No meio do nada, ele se depara com um arbusto em chamas que, no entanto, não se queima. E ali, Deus fala com ele pela primeira vez e recebe um chamado extraordinário, de libertar o povo hebreu da opressão do Egito. A vara que ele usava para apascentar o rebanho, de repente, toma vida como uma serpente. Imagino que ele deve ter se assustado com essa cena.

 Adiante, quando chega diante de Faraó, as pragas sobre o Egito, de forma sobrenatural, são o sinal de que Deus estava com Ele, são também uma revelação de Deus ao próprio povo egípicio. (Êxodo 7 a 12). Águas tornam-se em sangue, praga das rãs sobre todo Egito, piolhos, moscas... culminando com a morte dos primogênitos dos egípicios e o livramento de todos os hebreus. Então, Faraó os deixa ir. No caminho, fugindo do Faraó arrependido, um obstáculo: Mar Vermelho. Moisés toca com a vara as águas e o mar se abre, o povo passa por terra seca, e o mar se fecha, eliminando o exército egípicio. Uau!!! Espetacular!!!

Mas, não param por ai, os sinais que acontecem através de Moisés. Ainda tem comida vindo do céu, em cumprimento à palavra liberado por Deus a Ele; água se tornando potável... 

E, então, Moisés é chamado para estar na presença de Deus, por dias e noites seguidas... E lá, Deus fala com ele, passa instruções, estabelece leis para a nação de Israel. 

Mas, tudo isso, não satisfaz Moisés. Ele quer mais!!! 

Bom, creio que muitos de nós, senão todos, estaríamos mais do que satisfeitos com todo esse sobrenatural que Moisés vivenciou. Olhamos para os sinais de hoje, e ansiamos que sejam reais em nossa vida, alguns de nós, já nos dariamos por satisfeitos, ao menos em ver algum milagre, algum sinal acontecendo. Nem precisaria ser na nossa própria vida...E, já seria uma "glória" pra nós...

E Moisés quer mais... Ele quer ver Deus...

Deus estava falando diretamente com ele. Não era o suficiente? E nós ansiamos ao menos por um profeta entregando algum recado de Deus, e isso já faz o nosso dia. 

E por que Moisés quer mais?

Moisés compreendeu algumas coisas que temos nos esquecido. 

1. A nossa vida, a nossa caminhada com Deus, não pode ser baseada em sinais, não pode ser preenchida por milagres

2. O nosso relacionamento com Deus não pode ser baseado no ministério que exercemos. 

A crise que a igreja vive hoje tem origem na ignorância do princípio do relacionamento com Deus. Pessoas buscando a Deus por causa de sinais, milagres, cura, emprego, prosperidade financeira... E por outro lado, temos líderes que só buscam a Deus, só oram por causa do ministério que exercem: por exemplo, pastores, professores de EBD, pregadores que só estudam (digo estudam, não simples leitura) a Biblia quando tem que ensinar, ou pregar... Líderes que só oram por seus liderados, ou pela execução de tarefas sob sua responsabilidade. Enquanto, tem pessoas querendo ver anjos, até ir para o céu, não por causa da presença de Jesus, mas porque lá está cheio de anjos, Moisés se nega a dar um passo, sem a real presença de Deus. 

Moisés entendeu que seu relacionamento com Deus não podia ser baseado na dificil missão que ele tinha de conduzir aquele povo, (e diga-se de passagem, povo dificil rs). Ele não podia estar diante de Deus, porque precisava receber as leis, as direções para o povo. Ele não podia se limitar a ouvir a voz de Deus, apenas para receber uma mensagem a ser transmitida. 

O que eu aprendo com a vida de Moisés?

Nada pode me satisfazer mais do que a presença de Deus, não posso ser movida por causa de sinais ou milagres... O que me move é uma sede crescente de conhecer a Deus. estar com Ele. Nem mesmo o ministério, o meu serviço no Reino é capaz de me preencher. O ministério só tem um sentido real, quando compreendo e me relaciono com Aquele que me chamou...

Vamos ousar ir mais adiante... ir além dos sinais, ouvir a Deus, estar com Ele, por quem Ele é, não pelo que Ele pode oferecer ou fazer.




sábado, 4 de junho de 2016

De volta com novas reflexões

Depois de muito tempo, estou retornando ao blog com novas reflexões... Já se passaram 3 anos desde que iniciei o blog e também 3 anos que não escrevo aqui... Isso não significa que meu Paizinho parou de falar comigo, que Ele ficou em silêncio todo esse tempo... 

E mesmo estando ausente do blog, hoje me surpreendi: ao olha as estatíticas do blog, vi que tem pessoas até fora do Brasil passando por aqui. O importante não é o número de pessoas que passam por aqui, mas sim, que o propósito do blog atinja o objetivo de semear a palavra. Lembrei-me agora daquele texto de Eclesiastes: "lança o teu pão sobre as águas e depois de muitos dias o acharás". Essa palavra estã se cumprindo aqui. Estou aqui lançando a semente... e crendo que ela vai germinar, crescer e produzir frutos que durarão para a vida eterna.

Quando olho para trás, vejo que aprendi muito nessa caminhada, tanta coisa aconteceu na minha vida, tantas mudanças... fui para India, voltei da India, fui mais uma vez, e aqui estou de novo no Brasil. Iniciando mais uma etapa da caminhada... 

Então, seja bem-vindo a esse blog, e minha oração é que, seja através das experiências pessoais, dos testemunhos ou das reflexões escritas aqui, a voz do Pai se faça ouvir...

Na próxima semana, já temos reflexões novas... 

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que Deus realmente valoriza



Texto: Lucas 15.1,2,8-10

Em Lucas, capítulo 15, Jesus conta 3 histórias, todas falando sobre coisas perdidas e novamente encontradas.
O que levou Jesus a contar essas histórias?
  1. O público de Jesus:
Fariseus:vem da palavra, que significa “separar, afastar”, assim quer dizer, grupo dos separados, verdadeiro povo de Deus. Seguidores do Judaísmo, obedecendo à Torá, lei dada por Moisés, foram responsáveis pelo surgimento das sinagogas. Porém, em adição à Lei escrita, criaram a Lei Oral (também chamada por Jesus como “tradição dos anciãos”.
Escribas: eram os mestres e doutores, especializados na interpretação e ensino da Lei ou Torá, muitos deles seguiam a corrente dos fariseus.
Publicanos: cobradores de impostos, sendo judeus, trabalhavam a serviço do Império Romano. Usavam o seu trabalho como forma de enriquecer, cobrando impostos além do que era estipulado pelo Império. Isso revela que eram totalmente desprovidos de patriotismo, e de sentimento pelo povo seu próprio povo que em muito, já era muito explorado. Eram ladrões e corruptos.
Pecadores: eram considerados como pecadores pelos fariseus, além dos praticantes de imoralidade, todos os demais que não seguiam a Lei Oral, criada por eles mesmos e suas tradições.
Os fariseus e escribas criticavam Jesus por comer junto com essas pessoas. As refeições em conjunto não era algo corriqueiro, não se comia com qualquer pessoa. As refeições em grupo tinham o significado de comunhão, de compartilhar. Para esses religiosos, ao comer com pecadores e publicanos, Jesus estaria se igualando a eles.
  1. As histórias que Jesus contou em Lucas 15:
Jesus faz uso de 3 diferentes histórias para demonstrar o valor do pecador aos olhos de Deus e a alegria de Deus, promovendo até mesmo festa nos céus quando alguém se arrepende.
  • Ovelha perdida: nessa parábola, Jesus usa o exemplo da ovelha, um animal doméstico, e de grande importância na economia judaica. Hoje, no Brasil, há tipos de ovelhas que podem custar R$2.000,00 ou até mais do que isso. Assim, Jesus mostra para os hipócritas fariseus o que fariam por causa de um animal, e que se um animal tem tanto valor pra eles, muito mais um ser humano aos olhos de Deus.
  • O filho pródigo: essa outra história fala sobre o reencontro de um pai e entre um filho precioso. Se o pai recebe um filho que o abandonou de braços abertas e festeja seu retorno, Deus também faz festa quando um pecador se arrepende.
  • Dracma perdida: Porém, queremos nos ater à história da dracma perdida. Jesus faz uso de uma comparação não muito usual nessa história pq coloca como personagem principal uma mulher. Na sociedade judaica daquela época, a mulher não era tida em alta estima.
A mulher da dracma perdida: era uma mulher pobre. Jesus diz que ela possuia 10 dracmas. Uma dracma era uma moeda grega, com peso de 3,6 gramas, com o valor semelhante ao do denário, moeda romana. Porém o denário valia um pouquinho mais, o denário pesava 4 gramas, e representava o salário por um dia de trabalho. Ou seja, ela teria perdido o equivalente a um dia de trabalho. Porém, ela perdeu mais do que isso. Para aquela mulher a dracma teria o valor dobrado porque o salário de uma mulher nos dias de Jesus era a metade do salário de um homem.
A dracma perdida não teria tanto valor aos olhos de outros homens, como tinha aos olhos das mulheres. Para elas, a dracma tinha valor dobrado. Representava 2 dias de trabalho.
Ao usar a história de uma mulher quando está falando sobre a preciosidade que é a alma humana aos olhos do Deus Todo-Poderoso, Jesus está:
  1. Reconhecendo o valor da mulher aos olhos de Deus e na sociedade
  2. Valorizando o que é importante para a mulher: ele fala da perda de uma moeda de prata tão preciosa para aquela mulher, que ela não mede esforços para encontrar. Jesus não viu isso como algo corriqueiro,uma vez que ele fala sobre festejar o encontro da dracma com as amigas, comparando com a alegria que há diante de Deus pelo arrependimento dos pecadores.
  3. Dando importância ao trabalho da mulher: ele descreve a atividade feminina de limpar a casa, ele diz que ela acende a candeia. Isso nos ajuda a entender também o tipo de casa em que ela vivia. Deveria ser uma casa pequena, talvez um cômodo apenas, com poucas janelas. Ao acender a lamparina, essa mulher está investindo dos seus recursos para recuperar aquela moeda. A lamparina era abastecida com azeite, precioso óleo para as famílias judaicas, que era usado de diversas formas.
Assim que, Deus nos convida a valorizar o que é realmente importante para ele. Jesus usa nesses exemplos,
  • algo que era valioso para a economia judaica, a ovelha. Ninguém poderia negar o valor da ovelha,
  • algo que não era considerado de grande valor por todos: uma dracma. Muitos poderiam questionar se haveria necessidade de tanto trabalho para encontrar uma moeda, e muito mais de festejar o fato de achar essa moeda
  1. Propósito das 3 parábolas:
Essas três histórias tem o único propósito de revelar o que é realmente importante para Deus. De tudo o que fazemos, na nossa vida pessoal e ministerial, na obra de Deus, só permanecerá, só será provado e aprovado pelo fogo, o que resultar em salvação de almas, apenas o que fizermos e promover o estabelecimento da comunhão entre Deus e o ser humano.
Podemos gastar nossos esforços, nossa energia, nosso tempo na Obra de Deus; podemos nos dedicar e trabalhar arduamente para o Senhor... Mas, a obra que permanece e resulta em festa nos céus, é o obra missionária, é a obra que leva Cristo ao mundo perdido. Quando trabalhamos para realizar uma festividade, às vezes, ficamos atribulados com tanta coisa, queremos que dê tudo certo... Nessas ocasiões até “o fogo desce”, mas acabada a festividade, acabou “o fogo”, e restaram apenas as cinzas, que logo se desfarão com o vento e aquele fogo será esquecido... então, nos perguntamos: “Será que valeu realmente a pena?” Se as nossas obras não tiverem resultados eternos, então seremos reprovados pelo Senhor. As nossas construções, nossos belos templos, de nada valerão, se não forem usados para promover salvação do homem perdido...
Vamos, irmãos, valorizar o que é realmente importante para Deus: o ser humano, vidas que custaram o precioso sangue de Jesus Cristo.
Vamos valorizar o trabalho de mulheres anônimas, mulheres que não são reconhecidas no ministério que excercem, mas cujas vidas são o retrato do próprio amor de Deus.

sexta-feira, 30 de março de 2012

A prova do nosso coração



...Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu ponha à prova se anda na minha lei ou não.” Êxodo 16.4

O capítulo 16 de Êxodo descreve a provisão de Deus sobre o povo de Israel durante a travessia do deserto. A partida para alcançar a terra prometida é marcada por grandes milagres de Deus.

Na verdade, a saída do Egito é um milagre por si só. Quando Deus manifesta todos os sinais por meio das dez pragas derramadas sobre os egipícios, os milagres se iniciam com o objetivo de revelar aos filhos de Israel que os deuses egipícios nada eram; Deus estava subjugando os deuses egipícios diante do seu poder e sua glória. Assim, Ele queria dizer aos filhos de Israel que poderiam confiar nEle, que Ele é Deus acima de todos os outros deuses. Nada, ninguém poderia atingí-los, porque o Senhor dos Exércitos decidiu livrá-los e batalhar por eles.

É interessante observar que a cada sinal de Deus, a cada milagre que Deus realizava, ao invés de crescerem na fé, os israelitas aumentavam em incredulidade. Ao invés de se aproximarem de Deus, crescendo no seu relacionamento com Ele, eles cresciam em murmuração e provocação.

Deus já havia derrotado, quebrado totalmente o Egito que oprimia os filhos de Israel: Deus dizimou a terra do Egito. A provisão do Egito se esgotou por meio das dez pragas; Deus tocou a vida dos egipícios; Deus fez com que uma nação imponente se dobrasse diante de um grupo de escravos sem esperança, levando os egipícios a entregar as riquezas que possuiam em suas mãos. Deus já havia lhes dado água doce no deserto, saciando sua sede.

Até chegar em Êxodo 16, o tanto de milagres que Deus havia realizado era imenso, mas ainda não o suficiente para confiarem totalmente em Deus. O coração obstinado é assim. Não importa o que Deus faça, mas nunca será o suficiente para crer totalmente em Deus. Assim, uma vez mais, o povo reagiu com murmuração. Observe que eles não questionaram a Deus, eles questionam Moisés e Arão. Reclamam com Moisés porque ele, Moisés, os tirou do Egito para fazê-los morrer de fome. O que os leva a essa reclamação? Esse povo amava mais a vida de qualquer forma, do que uma vida de excelência, de dignidade. Eles não compreendiam o valor de ser livre. Haviam sido escravos toda a vida, lutando por sobreviver um dia após o outro e isso era tudo. Uma vida livre é uma vida baseada em princípios: princípios de honestidade, dignidade, amor, fraternidade. Quando menosprezaram a sua liberdade, estavam menosprezando esse tipo de vida: vida com princípios. Por outro lado, a razão da murmuração contra Moisés e Arão é que os israelitas ainda não haviam aceitado que a saída do Egito era uma obra de Deus, era resposta de Deus ao seu clamor. Eles ainda achavam que era uma obra do homem chamado Moisés, que havia conseguido aquilo só porque foi adotado pela filha de Faraó.

Deus não deixou Moisés na mão. Ao contrário, Deus reagiu àquela afronta contra o seu servo Moisés, que o obedeceu. Quando caminhamos em obediência a Deus, as afrontas que nos são feitas, na verdade, não são contra nós. Essas ofensas são contra o próprio Deus. E Ele se encarrega de trazer a solução e falar por nós. Note: não está registrado que Moisés foi até Deus e contou tudo o que o povo estava fazendo. Moisés não disse para Deus: “Olha só, Deus, esse povo ai, que o Senhor me mandou tirar do Egito, como é ingrato; olha o que eles estão fazendo comigo...” Moisés não vai chorar para Deus suas mágoas, seus ressentimentos contra aqueles sobre quem o próprio Deus lhe havia dado responsabilidade de conduzir até à terra prometida. Ele não se fez de vítima diante de Deus. Moisés apenas ouviu tudo o que o povo dizia, mas a resposta à afronta veio de Deus.

Como resposta, Deus disse que iria fazer chover pão do céu para saciar a fome dos filhos de Israel, para colocar à prova o seu coração, para saber se eles seguiriam a sua lei ou não, caminhando em obediência. Sempre pensamos que nosso coração é provado pela escassez, pela necessidade, pelos apertos e problemas que passamos no dia a dia. Esse é um grande engano. A verdadeira prova do nosso coração vem quando Deus está agindo por nós de forma muito clara, seus milagres estão acontecendo em nossa vida, mas continuamos insensíveis a Ele. Continuamos no caminho da incredulidade e desobediência. Esse foi o caminho seguido pela geração de israelitas que saiu do Egito e, portanto, pereceu no deserto, sem alcançar a promessa de entrar em Canaã.

Deus prova nosso coração pela provisão que nos dá dia após dia. O povo foi provado na sua capacidade de crer em Deus. Deus falou que, a cada dia, iria mandar maná do céu para saciar sua fome. Mas, haviam pessoas que não creram nisso, não creram que o Deus que dá a provisão hoje, é o mesmo que dará a provisão amanhã. A reação do povo foi: “ Deus tá dando maná hoje, mas e se amanhã Ele falhar?” Recolher mais do que precisava para o dia, pensando em guardar para amanhã, era uma atitude totalmente desprovida de fé e gratidão. Ingratidão e incredulidade são duas coisas que caminham juntas. Os incrédulos são sempre ingratos, nunca estão satisfeitos. Deus pode mover céus e terra em seu favor, mas continuam em desobediência e murmuração.

Aquele que decidiu caminhar por fé, reconhece os menores gestos como um ato do amor de Deus. E, a cada pequeno feito, cresce em relacionamento com Ele. Tem um coração agradecido, sabendo que todos os benefícios recebidos vêm do Pai. Essa pessoa escolhe o caminho da obediência, porque confia no Pai, confia nas suas orientações, sabe que o Deus da provisão de hoje cuidará da provisão de amanhã.

Hoje é 30 de março de 2012. Não conseguia dormir, me levantei de madrugada porque o Pai queria me dizer o que está escrito acima. Meu desejo é ter um coração agradecido dia a dia, crescendo em comunhão com Ele, independente do que Ele fará por mim, mas por tudo que Ele é e já fez por mim. 



terça-feira, 13 de março de 2012

O contato com o Santo purifica o impuro


Mt. 8.1-4
Todos nós já passamos, em algum momento, por situações constrangedoras. Tente lembrar de algum momento em que se sentiu isolado, sozinho, parecia que as pessoas te desprezavam. Então, imagine-se viver num lugar em que as pessoas não podem nem mesmo chegar perto de você, como se você tivesse algo contagioso. Assim era a situação de um leproso nos dias do Antigo Testamento e nos dias de Jesus.
A lepra no Antigo Testamento – Judaísmo – Levítico 13
O termo lepra no Antigo Testamento refere-se a vários tipos de doenças de pele, que eram uma fonte de impureza, sendo que, nem todos os tipos eram contagiosos. Levítico 13 descreve o diagnóstico de 21 tipos de doenças de pele, expressas pelo termo “lepra”. A expressão ainda era usada com outros significados, incluindo o fato de que a lepra poderia afetar roupas e casas, fazendo um referência a parasitas e fungos que poderiam originar outras doenças.
Levítico 13.12,13,20,55: a lepra torna a pessoa impura. O leproso deveria ser afastado da comunidade, vivendo fora do arraial.
Levítico 13.45,46: “Todos os dias em que a lepra estiver nele, será imundo, habitará só, a sua habitação será fora do arraial.”
Mas, antes disso, era feita uma declaração pública de que a pessoa estava com lepra. As suas vestes eram rasgadas, sua cabeça raspada e o próprio leproso tinha que gritar: “Imundo, imundo”. Isso era uma questão de humilhação. Imagine-se sair por ai, gritando: “ Eu estou sujo! Não toquem em mim, se você me tocar, você será contaminado!” Era mais ou menos que o leproso do Antigo Testamento teria que fazer. Jesus disse que o leproso purificado deveria se apresentar ao sacerdote porque a lei dada por Deus a Moisés, vigente naqueles dias, tratava a lepra como algo espiritual, que necessitava purificação. Não era um simples enfermidade física.
Uma vez que o leproso, estava limpo, haviam rituais de purificação que deveriam ser observados como testemunho para ser reintegrado à sociedade. É interessante observar que em muitas sociedades religiosas: islamismo, budismo, hinduísmo e judaísmo, as pessoas querem manter distância de leprosos, com medo de serem contaminados.
Na Índia, por exemplo, todos os dias nos deparamos nas ruas com leprosos que vivem de esmolas. É impressionante o número de leprosos. E a situação de todos é a mesma: vivem marginalizados, vítimas do preconceito e rejeição. Pessoas de qualquer, lhes oferece esmolas, alguns leprosos carregam até latinhas onde as moedas são depositadas para que ninguém os toque.
Jesus trouxe algo novo em relação a leprosos, enfermos e mortos, que nenhuma religião pode oferecer: Ele se aproximou dessas pessoas, Ele as tocou, Ele as curou, Ele lhes deu vida. Enquanto que, no próprio judaísmo, o sacerdote não podia tocar leprosos e mortos, senão, ficariam contaminados, Jesus fez muito mais do que isso. Jesus tocou o leproso, o imundo, o desprezável, o intocável, sem contudo se contaminar. Doenças e impurezas não eram fortes o suficiente para poluir, sujar, manchar, contaminar o Filho de Deus. Jesus trouxe uma nova dimensão, um novo conceito de santidade. Ao invés de ficar contaminado por tais impurezas, seu toque limpava e purificava o impuro.
Ao ver a situação dos leprosos na Índia, essa palavra se tornou mais viva, mais real pra mim. Aquele leproso poderia ser curado com uma única palavra de Jesus, mas Ele preferiu tocá-lo. Jesus fez mais do que restaurar a integridade física daquele homem. Quando Jesus toca o leproso, Ele está tocando sua alma, o seu coração; Jesus está dizendo que ele é aceito, ele é amado, não há preconceito ou lei alguma que o separe do amor de Deus. Aquele é o toque da reintegração, é o toque da aceitação. Ao que se sente rejeitado, Jesus diz, com aquele toque que nEle você é aceito e amado por Deus.
À igreja, fica o desafio de seguir o exemplo de Jesus, de ser um instrumento de Deus para restauração de vidas, amando e aceitando os excluídos da sociedade. Como missionário, esse é o nosso desafio numa terra de tantos preconceitos. Amar pessoas que não fazem a menor diferença para o governo e a sociedade.
Às vezes, nos consideramos melhores do que os outros, por causa da cor da nossa pele, do salário que temos, porque tomamos banho todos os dias... E, por isso, menosprezamos e sentimos nojo dos outros, nos sentimos indignos de tocar ou abraçar essas pessoas. Já pensou no que representou pra Jesus assumir nossos pecados? Diz a Bíblia, que Ele se fez pecado por nós. E Ele, o Santo, o Perfeito, não sentiu nojo nem de mim, nem de você.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Motivação e escolhas- como usar os seus talentos

Juízes 13-18
Juízes 13.5,16.30

O chamado de Deus para Sansão:

A vida de Sansão me leva a refletir sobre nossas motivações no servir ao Senhor, decisões e caminhos que escolhemos. Decisões que tomamos para glorificar ao Senhor ou satisfazer nosso próprio ego. Somos movidos pelo desejo de promover a glória de Deus, ou somos movidos por nós mesmos?
Sansão é escolhido por Deus desde o ventre de sua mãe para livrar a nação de Israel das mãos dos filisteus. Deus dá algumas ordenanças aos pais de Sansão, sobre o modo como ele deveria ser educado, e sobre seu estilo de vida. Ele seria nazireu e receberia um força física sobrenatural para usar na execução do seu chamado: livrar Israel. De acordo com o voto de nazireu, ele não poderia tomar vinho, não poderia passar navalha sobre sua cabeça (seu cabelo jamais poderia ser cortado) e também não poderia ter contato com nenhum tipo de cadáver.

Deus capacita Sansão na execução da sua tarefa com uma força física sobrenatural. Ele é bonito, inteligente e forte. Com tanto talento, Sansão se distrai com seus próprios atrativos, e se omite completamente na execução da missão que lhe foi confiada. Ele até usa sua força e, dessa forma, alcança alguns livramentos para Israel. (Juízes 15.5,15) Mas, Sansão não está com o coração em seu chamado, como também não está com o coração em Deus. Ele era um homem completamente dominado por suas paixões e desejos.

Ao se casar com uma das filhas dos filisteus, ele quebra 2 votos nazireus:
proibição de tomar vinho
proibição de ter contato com corpo morto
Nesse momento, ele despreza a instrução de Deus para o seu modo de viver. Isso reflete o coração de Sansão, ele estava tão focado em si mesmo, ele havia se tornado o centro de tudo. Assim, nada mais importa, apenas satisfazer-se, não se calar diante da humilhação. O que levou Sansão a tirar mel do cadáver de um leão? Quando viu aquele leão morto, mas com mel, uma coisa tão inesperada, se sentiu mais especial ainda, porque aquele era o leão morto por ele. Fica tão maravilhado com isso e não hesita em buscar alimento na morte. Não somos especiais pelo que fazemos ou pelo que nos acontece. O que nos torna especiais é o amor de Deus por nós e em nós.

Mais adiante, ao propor um enigma no dia do seu casamento, é traído por sua esposa, que informa ao seu próprio povo a resposta do enigma. Irado, Sansão paga o que é devido pela resposta certa que os filisteus lhe deram. Mas, deixa sua esposa. Sansão é um homem sem princípios, todas as suas decisões são baseadas em ira e vingança. Era um homem muito dodói, qualquer coisa o feria, e o levava a uma reação. É difícil lidar com pessoas assim, são sempre inconstantes, são pessoas que não têm uma fé firme, não têm decisões permanentes e coerentes. Ficou com raiva e não quis mais saber da esposa. Quando a raiva passou, ele voltou pra casa. Aí, já era tarde, ela já estava casada com outro. Mais uma vez, Sansão resolve se vingar, colocando fogo na plantação dos filisteus. E, agora, é a vez dos filisteus se vingarem, que decidem queimar vivos a esposa e o genro de Sansão. O que Sansão faz? Ele quer se vingar (Juízes 15.7).

Cheio de orgulho, Sansão deixa que os judeus o entreguem aos filisteus. E, mais uma vez, Sansão ignora a ordem de Deus para não tocar em cadáver, e usa o osso do queixo de um jumento para atacar os filisteus e fere mil homens. Para ele, não importa como, o importante é vencer. Mas, no reino espiritual, o princípio da obediência que gera vida. A cada dia, tenho maior convicção de que não basta fazer coisas para Deus, fazer a obra de Deus, temos que, em primeiro lugar, viver do modo de Deus, e depois, fazer do modo de Deus. Ignorar os princípios de Deus para a vida pessoal e ministerial, é produzir palha que será consumida pelo fogo.

              A motivação de Sansão

Sendo chamado, escolhido, recebeu capacitação do Senhor para cumprir sua missão como juiz de Israel, por meio da extraordinária força que tinha. Mas, vamos encontrar Sansão usando sua força (a capacitação que Deus lhe deu) apenas quando está irado – Juízes 14.19 – ou movido por desejo pessoal de vingança – Juízes 15.7. Ele era um homem centrado em si mesmo, cheio de orgulho. Se analisarmos bem, o que levou Sansão a uma morte trágica foi seu orgulho. Ele revela a Dalila que não podia cortar seu cabelo, porque se considerava invencível. Ele ignora as leis de Deus para sua vida, porque se considera acima de qualquer lei. Portanto, entrega os segredos de Deus para sua vida ao inimigo.

No seu último momento de vida, quando ficou cego e foi levado ao templo de Dagon, quando orou ao Senhor, foi para que pudesse vingar seus olhos (Juízes 16.28) O que levou Sansão a orar no seu último momento? O seu orgulho, não suportava que os filisteus estivessem zombando dele, só estava interessado em si mesmo.

Não há um registro de que Sansão tenha orado ou mencionado que faria algo para glorificar o nome do Senhor. Sansão morre vigando-se a si mesmo e mata mais filisteus do que em toda sua vida.

A história de Sansão poderia ser diferente se suas escolhas e motivações fossem outras. Deus nos chama para ser servos, vasos em suas mãos, não mero objetos que sirva a um fim e depois ser descartado. Ele nos olha como pessoas, como filhos, deseja nossa felicidade e satisfação pessoal.

A falta de estrutura emocional e sentimental de Sansão o levou a uma morte trágica. Deixar-se levar por sentimentos irreais, ilusões, paixões, o conduziu àquele triste fim. Sansão era um homem brilhante, um verdadeiro prodígio, um grande herói, mas sua vida pessoal, sua vida sentimental, e sua vida espiritual foram uma grande tragédia. O fim de Sansão poderia ter sido diferente se ele tivesse escolhido submeter-se ao Senhor, se ele tivesse reconhecido que sua força vinha do Senhor; se ele tivesse usado seus talentos para cumprir o propósito do Senhor e glorificar o seu nome.

Como temos usado os talentos recebidos por Deus? Qual nossa motivação?



domingo, 29 de janeiro de 2012

Relacionamentos quebrados no Éden


Gênesis 2.23, 3.7
Quando o pecado entra no mundo, imediatamente, acontece quebra de relacionamentos. Até então, Adão e Eva estavam nu e não se envergonhavam um do outro, nem mesmo de se apresentar diante de Deus. Ao comer do fruto do qual Deus disse para não comerem, eles passam a ter vergonha de estar um diante do outro, e também diante de Deus.

Estabelece-se um ciclo de relacionamentos quebrados: quebra de relacionamento com Deus, quebra de relacionamento no casamento, quebra de relacionamento entre os seres humanos.

Mas, quais foram os passos que antecederam a queda? Como esses relacionamentos foram quebrados?
Deus criou Eva para ser companheira e auxiliadora de Adão. Fico me perguntando, qual o princípio que esse casal não compreendeu. Algumas observações precisam ser feitas:
·         Onde estava Adão, enquanto Eva conversava com a serpente?
·         Por que Eva estava conversando com a serpente ao invés de ajudar Adão?
·         Como Adão não percebeu a amizade entre Eva e uma serpente?
Essas são questões que a Bíblia não nos responde, mas refletem características essenciais do homem e da mulher.

Eva estava tão ávida de comunicação, que nem passou pela sua mente não ser normal uma serpente falante.
·         Adão, como um chefe de família, talvez estivesse tão ocupado com seu trabalho, que nem percebeu quem havia se tornado amiga e companheira de sua esposa Eva.
Relacionamentos estão chegando ao fim por essas duas razões:

Mulheres ansiosas por comunicação, acabam sendo levadas pela conversa da serpente. E onde estão seus maridos, enquanto isso? Eles simplesmente, têm muito trabalho a fazer, têm que trazer pão para dentro de casa. Quando chegam em casa, ao fim do dia, estão exaustos, estressados, e não podem ouvir o choro de uma criança, e nem mesmo têm disposição para conversar com a esposa e saber como foi o dia dela. Também não são capazes de comunicar com suas esposas em intimidade, expressando seus sentimentos de frustração, seus fracassos, medos e anseios, ou não colocam em palavras e ações o amor que têm por sua esposa, considerando que, assim, estarão em suas mãos e se tornarão vulneráveis.
Por outro lado, há mulheres que não se colocam ao lado de seus maridos, ajudando-os com as responsabilidades que têm, como uma fiel adjuntora. Mulheres incompreensivas, gastadeiras, exigem do marido que supram a casa financeiramente. Com isso, ficam carentes de outros suprimentos que devem vir do marido: suprimento emocional, comunicação, espiritual.

Quando Eva toma a decisão de seguir o conselho da serpente é porque a serpente já havia tomado conta do coração dela. A serpente já havia conquistado a confiança e amizade de Eva. Não sabemos quantas conversas houve entre a serpente e Eva, mas o fato é que, nem Adão e nem Eva estavam cumprindo o propósito que Deus havia estabelecido para eles. De alguma forma, Eva que deveria estar ao lado de seu marido, não estava. Por alguma outra razão, Adão que deveria se comunicar com Eva, expressando sua necessidade de tê-la ao seu lado, não o fez.
Porque nenhum dos dois estavam onde deveriam e com quem deveriam estar, o relacionamento entre homem e mulher, e entre Deus foi quebrado. Como resultado, eles passam a se envergonhar de si mesmos, sentem a necessidade de esconder quem realmente são.
Intimidade com Deus e entre homem e mulher era o plano original de Deus, é o que Deus estabeleceu para o casamento. Mas, o pecado destruiu isso. Pense se a vergonha de demonstrar quem você realmente é, o medo de não ser aceito com seus defeitos, não esta prejudicando relacionamento com Deus e com as pessoas que você ama.

As coisas não acontecem da noite para o dia em um relacionamento. Quando vai se deitar pra dormir está tudo bem, estão completamente apaixonados, e, na manhã seguinte, o amor simplesmente desapareceu. Então, alguém decide que não quer mais estar casado. Ou então, decide cometer um ato de adultério. Quando chega a esse ponto é porque muita coisa aconteceu no casamento, mas estavam tão ocupados consigo mesmos, suas exigências, expectativas e, não se deram conta de que estavam se perdendo, e “a serpente” começou a ter mais lugar entre os dois.
A única coisa a fazer é vencer o medo de se expor, ser transparente com o conjuge, mostrar quem você realmente é, o que tem feito. Quando vencer as barreiras que o pecado colocou dentro de si mesma, estarão caminhando em intimidade, cumprindo o propósito de Deus. Você vencerá seus medos e descobrirá que não há pessoas perfeitas e, assim, poderá se aceitar como realmente é, será capaz de aceitar os outros e reestabelecer sua comunhão com o Criador.

Mulher, não faça amizade com “a serpente”, procure se aproximar do homem que Deus colocou ao seu lado, seja sua fiel ajudadora. Você verá como pode fazer seu casamento melhorar.

Homem, não deixe sua esposa só, compartilhe com ela seus momentos, converse com ela, ouça e também fale do que vai em seu coração. Esteja sempre por perto, seja seu melhor amigo. Isso os levará a caminhar em intimidade e fortalecerá o amor e o relacionamento entre vocês. Dispense atenção que ela precisa, antes que “a serpente” se comunique com ela como você não está fazendo, e mais um relacionamento se quebre por descuido.


"Rogo-te que me mostres a tua glória"

"Então, ele(Moisés) disse: Rogo-te que me mostres a tua gloria." Quando penso em Moisés, vejo um homem cuja vida é marcada p...